Maurício Toledo Piza Lopes é um pintor de cenas urbanas sem, contudo, carregar um viés realista ou naturalista. Ama a cidade de São Paulo, onde vive e realiza suas obras, filtradas através da memória, traduzida em sinais e grafismos, nesse espaço ambíguo entre o sonho e a memória.
Nesta exposição apresenta, de forma lúdica e com técnica apurada, suas visões sobre a vizinhança onde mora, tendo como um dos personagens principais, a bananeira do quintal do vizinho.
Os locais representados em suas obras são geralmente identificados nos nomes das pinturas após o fato e de maneira bem subjetiva. “Realmente não espero que as pessoas vejam nelas as mesmas coisas que eu”, afirma.
“Escolher um modo, tocar uns temas e mandar ver na improvisação. A tensão entre método e improvisação é algo que me interessa muito.” Leia mais em Palavra do Artista.
Serviço:
PontoArt Galeria Rua Inácio Pereira da Rocha, 246, Vila Madalena, São Paulo, SP, Brasil Tel.: 11 2548 1661. Vernissage: dia 10 de setembro, 4ª. feira, às 18h30.Conversa com o artista: dia 20 de setembro, sábado, das 14h00 às 16h00. Exposição: de 11 de setembro a 04 de outubro.2014 – de terça a sexta das 11h às 18h e sábados das 12h às 17h. ______________________________________________
Palavra do artista:
Variações Sobre uma Bananeira – Mauricio PizaChoose a mode and then play some riffs and some licks. Jive on.
Escolher um modo, tocar alguns temas e mandar ver na improvisação.
É curioso como a terminologia do Jazz é extremamente familiar e de fácil entendimento para mim, que não tenho nenhuma formação musical. A maneira como eu encaro a pintura parece ter estreita ligação com a improvisação musical.
Como em um jogo, você estabelece as condições e as regras iniciais, mas não tem como saber exatamente como a partida vai se desenrolar. É como se, ao restringir voluntariamente o número de opções possíveis, ao estabelecer certas regras, certos limites para a criação, a brincadeira ficasse muito mais focada e prazerosa.
Escolher um Modo (no sentido musical), é escolher uma escala, a tonalidade geral que define a tonalidade emocional ou mood. Na pintura esse papel é as vezes feito pela cor predominante que estabelece a atmosfera da peça e que a unifica. No meu caso, estabeleço isso através de uma imprimatura colorida; imprimatura é esse véu geral de tinta sobre o fundo branco da tela. Outra coisa que estabelece esse tom geral tem sido uma trama, uma quadricula subjacente à pintura, que estabelece uma batida fundamental sobre a qual as variações rítmicas das linhas da composição vão acontecer.
Play some Riffs and some Licks.Um riff é temático, é uma frase ou um padrão recorrente, característico e facilmente reconhecível: as evidentes e ondulantes folhas de bananeiras; os prismas e retângulos duros dos edifícios e das construções.
Já um Lick são formas incompletas e menos identificáveis, são acordes e progressões. No caso as curvas e geometrias que criam todo um universo de formas vegetais e urbanas, placas, nuvens e árvores, que, na sua ambiguidade, geram esse lugar que é um lugar nenhum, mas estranhamente familiar.
Jive é essa improvisação brincalhona na música e na linguagem. Eu vou resolvendo a composição conforme eu vou indo, ou seja, não tenho a menor ideia do resultado final. Como eu evito ao máximo refazer algo, corrigir, as possibilidades vão se reduzindo conforme o trabalho caminha. Tudo que é feito permanece até o final. A sensação é a de ir empilhando toquinhos, sempre a um passo da coisa toda despencar.
A improvisação musical ocorre em tempo real e não permite correções. Nada nessas pinturas é realmente corrigido. São, portanto, uma espécie de improvisação em câmera lenta, no tempo da pintura é claro, que é outro. O ajuste sempre ocorre muito mais nas cores, no claro-escuro e na modulação dos contornos: o jogo de desfocar e definir, tornar ambíguo, reiterar, etc.
Como dizia Juan Gris: “Até a conclusão do trabalho, o pintor deve permanecer ignorante da aparência final do conjunto”.
A tensão entre método e improvisação é algo que me interessa muito.
Jive on!
______________________________________________________ Informação sobre o Artista: Formação: Licenciatura em Educação Artística (Habilitação em Artes Plásticas) Ano de início: 1993. Ano de término 1996. Faculdade de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado, São Paulo, SP.1991 – Aulas de Gravura em Linóleo com Sérgio de Moraes.
1974 – Cursa a Escola de Artes Brasil, onde tem aulas com Carlos Fajardo, Luís Paulo Baravelli, José Resende e Luís Carlos Nasser e aulas de gravura com Dudi Maia Rosa. Atividades didáticas: 1997/98 – Ministra aulas de História da Arte e de Técnicas e Materiais Pictóricos no Instituto Paulista de Restauro.
1998/2001 – Professor da área de Representação e Linguagem do Departamento de Arquitetura da Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (SAP – EESC/USP). Principais Exposições: 2014 Exposição Individual “Variações sobre uma Bananeira”, PontoArt (SP) 2013 Exposição Individual “Um Certo São Paulo”, PontoArt (SP)
2011 Exposição “Caminhadas”, Mercearia São Roque, (SP)
2002 Clube de Campo Pró-Vida, Araçoiaba (SP)
1997 Espaço Cultural BACEN (SP)
1995 Galeria Anglo, Rio Claro (SP)
1995 Espaço Cultural Engenho Central, Piracicaba (SP)
1995 Espaço Cultural BACEN (SP)
1986 Exposição Individual na Itaú Galeria, Catanduva (SP)
Algumas obras: