Exposição “Olhar Celeste” – A Poética de Wladimir – Obras de Wladimir Sanchez Schiappacasse na Galeria PontoArt

Nesta mostra apresentamos uma pequena parte do trabalho artístico de Wladimir, procurando representar sua diversidade.

Sobre o artista:

Wladimir Sanchez Schiappacasse, artisticamente Wladimir Sanchez, uruguaio, 83 anos, registra em sua extensa vida de artista plástico, em madeira, sonhos de menino e encantos do mundo adulto. Nascido em Montevidéu, em 1931, adotou desde cedo a profissão de marceneiro. Iniciando suas atividades nas Cooperativas Anarquistas locais, porém, logo anteviu a possibilidade de aproveitar partes não utilizadas em seus trabalhos de artesão para compor o que, com o tempo, transformou-se em obra artística de brilho próprio.

Procurando aperfeiçoar sua técnica, em sua juventude foi aluno do Taller (ateliê) Torres Garcia, sempre em Montevidéu, influência construtivista que permeia toda a sua obra. Realmente, em grande parte de seus trabalhos sente-se a forte herança transmitida por esse ateliê, mantido inicialmente pelo grande artista plástico uruguaio e latino-americano Joaquim Torres Garcia, estabelecimento ativo até 1962, quando oficialmente encerrado.

Wladimir Sanchez, manifestadamente, seguiu as pegadas do mestre mas, a elas, imprimiu talento invulgar, especializando-se em obras em madeira, ora coloridas e minuciosas montagens, ora rígidas “telas” onde ondula a imaginação. Humilde na avaliação de seus próprios méritos orienta-se pela assertiva de que um artista nasce artista, não se cria, negando o que, hoje, salta aos olhos: a invejável qualidade artística de sua obra, sempre baseada no princípio de procurar ligar o trabalho artesão ao artístico.

Uruguaio de coração, com o recrudescimento do ambiente político no país natal, porém, chegou ao Brasil exilado em 1979, aos 48 anos de idade, instalando-se em Porto Alegre (RS), onde desenvolveu a maior parte de sua obra de pinturas e esculturas. Dessa permanência destaca-se uma exposição com obras inspiradas na Divina Comédia de Dante Alighieri, apresentada na catedral da capital gaúcha. Uma das obras, retratando Beatriz, foi feita com 22 mil pequenas peças de madeira.

De personalidade fechada, torna-se recluso, misantropo, detalhista e estudioso. É um pioneiro na reutilização de elementos, principalmente os retalhos de madeira resultantes de sua atividade profissional inicial como marceneiro. E, traço marcante, suas obras sempre carregam um sutil toque de humor. Com a madeira, seus trabalhos têm a constante característica visual de obras em 3D. Suas esculturas são lúdicas, quase brinquedos, sendo também, em suas próprias palavras, uma homenagem aos artesãos, companheiros de suas origens.

Em 2012 retorna a Montevidéu, onde continua trabalhando.

(Texto de Yves Winandy)